Queria te mandar flores. Ainda se usa?
Tenho vontade de te dizer o que sinto.
E tenho medo.
Penso em te contar meus segredos.
Mas não sei se devo.
Queria que minhas cartas fossem lidas por você.
Mas cartas já estão fora de moda.
E eu nem sei o seu endereço. Apenas o eletrônico.
Não se tem mais o romantismo do tempo de nossos ídolos baianos.
Aquela alegria de esperar o envelope que passou nas mãos amadas.
Tudo é virtual. SMS. E-mail.
O teu sorriso, tímido, não. Ele é real.
Eu queria te dizer...
Aquele pequeno instante em que mirei atrás e te vi chamando meu nome foi de intensa festa em mim.
E tenho certeza que você nem se deu conta disso.
Sorri e fiquei contente.
Mas tudo é efêmero, como a arte que escolhi pra viver.
Tudo tem um pano no fim.
Sob aplausos ou não.
Com final feliz ou trágico. Não sei.
Mas o ato ainda está pela metade, não há pra que pensar em final.
Vivamos.
Mas vivamos juntos.
Como amantes antigos, ouvindo num velho vinil aquela canção que diz o que eu tanto quero te dizer:
Baby, I love you.
diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Atrás e lá na frente.
Ontem era hoje, quando o tempo não havia passado.
Amanhã será hoje, quando o tempo passar.
Hoje será ontem, quando aqui enfim chegares.
E eu já não estarei como ontem, nem como hoje.
Estarei como amanhã. O amanhã que eu não conheço.
Pois só o conhecerei quando for hoje.
E isto talvez nem aconteça.
Não queira que eu permaneça parado no ontem, quando aqui estavas.
Hoje já não estás. E me dói.
Amanhã chegarás ou não. Não sei.
Preciso esperar. E esperar não condiz com meu espírito.
Sigo.
Se me quiseres ver-me, segue-me.
E no fim de qualquer caminho encontraremo-nos.
E talvez vivamos um hoje, que ainda é futuro, feliz.
Amanhã será hoje, quando o tempo passar.
Hoje será ontem, quando aqui enfim chegares.
E eu já não estarei como ontem, nem como hoje.
Estarei como amanhã. O amanhã que eu não conheço.
Pois só o conhecerei quando for hoje.
E isto talvez nem aconteça.
Não queira que eu permaneça parado no ontem, quando aqui estavas.
Hoje já não estás. E me dói.
Amanhã chegarás ou não. Não sei.
Preciso esperar. E esperar não condiz com meu espírito.
Sigo.
Se me quiseres ver-me, segue-me.
E no fim de qualquer caminho encontraremo-nos.
E talvez vivamos um hoje, que ainda é futuro, feliz.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
O amor que não chegou.
Eu tenho os pés e a alma cansados.
O coração já quase não se escuta.
Descompassadamente ele bate, fraco.
Esperei tanto e a espera foi em vão.
O amor.
Não chegou, passou ao largo.
Perdeu-se nos tortuosos caminhos do mundo.
Minha porta não encontrou.
E eu fiquei anos naquela janela, olhando o fim da estrada.
Que ao fim deu em nada.
Silêncio e solidão.
Crua e triste história de quem não se lançou à vida.
Fecho porta e janela, fecho o coração.
Dou descanso à alma e aos pés.
É o fim.
O coração já quase não se escuta.
Descompassadamente ele bate, fraco.
Esperei tanto e a espera foi em vão.
O amor.
Não chegou, passou ao largo.
Perdeu-se nos tortuosos caminhos do mundo.
Minha porta não encontrou.
E eu fiquei anos naquela janela, olhando o fim da estrada.
Que ao fim deu em nada.
Silêncio e solidão.
Crua e triste história de quem não se lançou à vida.
Fecho porta e janela, fecho o coração.
Dou descanso à alma e aos pés.
É o fim.
domingo, 21 de outubro de 2012
Jogatina
Eu sempre aposto todas as fichas.
Tento quebrar a banca.
Até hoje só quebrei o coração.
Rasguei a alma.
Tenho perdido todas as jogadas.
Mas levanto e recomeço. Sem medo.
Lanço-me novamente em estratégias velhas.
Construo castelos de areia.
Que o vento derruba.
Projeto futuros que nunca se realizam.
E na roleta da vida estou girando.
Uma pequena bolinha entre números que nunca acerto.
Comprando novos sonhos para apostar mais uma vez.
E talvez dentre tantos palpites errados um dia eu acerte no vermelho paixão...
Tento quebrar a banca.
Até hoje só quebrei o coração.
Rasguei a alma.
Tenho perdido todas as jogadas.
Mas levanto e recomeço. Sem medo.
Lanço-me novamente em estratégias velhas.
Construo castelos de areia.
Que o vento derruba.
Projeto futuros que nunca se realizam.
E na roleta da vida estou girando.
Uma pequena bolinha entre números que nunca acerto.
Comprando novos sonhos para apostar mais uma vez.
E talvez dentre tantos palpites errados um dia eu acerte no vermelho paixão...
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Leia na minha camisa...
Era um sábado. Despretensiosamente eu me reencontraria com
uma das grandes vozes da minha vida, da música brasileira, do canto do mundo.
Eu fui, quase sendo levado. Lembrava daqueles minutos presos à frente do
computador, numa sala praticamente desmobiliada, numa noite fria em São Paulo,
quando ouvimos pela primeira vez o disco. Um viva à tecnologia! Ouvíamos em
primeira mão. Éramos dois jovens, naquela solidão paulistana, como aquele grupo
de baianos jovens que aportaram naquelas terras na longínqua década de 1960. E
ouviam seus vinis. Nós ouvíamos MP3. Mas a tensão e a expectativa eram as
mesmas. Ouvimos de uma tirada só. 11 faixas. Um disco curto. As primeiras
impressões foram de estranhamento. Era novo. Quebrava parâmetros como a música
que eles mesmos inventaram anos atrás. Disco comprado logo em seguida, ouvido
diversas vezes, até que aqueles sons que pareciam dissonantes tornavam-se
familiares. Disco guardado. Expectativa para o show. Ingresso comprado, show
adiado. Medo, tensão. Chegou o dia. Aquela companhia da primeira audição
estaria comigo no show. Alegria. E lá estávamos, a caminho do tão esperado
reencontro. No carro ouvíamos o disco. E chegamos. Amigos, conversas. Segundo sinal.
Sentei-me, as pernas já não pareciam me pertencer. Toda minha descontração se
fora. Minhas mãos tremiam como da primeira vez. Meus olhos aguardavam
ansiosamente por rever aquela figura tão querida. Abrem-se as cortinas, as
primeira notas. A VOZ. O sorriso, que parecia ser para mim, direto.
Desarmei-me. Embarquei. Emocionei-me, como tantas vezes. Era o meu reencontro
acontecendo, só ela e eu. O mundo parado ao redor. O seu canto, já é um “Recanto”,
é novo e é o mesmo. O tempo passou. Tudo mudou, mas a voz, a voz é eterna.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Solidão.
Era.
O que não sabia, nem esperava saber.
Estava.
Plantado como árvore velha, cheia de raízes profundas.
Sonhava.
Com mundos distantes e alegrias que não lhe pertenciam.
Sentia.
O vento lhe batendo nos cabelos, nos galhos.
Chorava.
De olhos fechados e boca cerrada.
Silenciava.
Todos os seus sentimentos.
Pedia.
Sorte. Sorte para amar.
Ansiava.
Pelo carinho de outros galhos misturados aos seus.
Queria.
Raízes alheias que trançassem-se com as suas por baixo daquele verde gramado.
O que não sabia, nem esperava saber.
Estava.
Plantado como árvore velha, cheia de raízes profundas.
Sonhava.
Com mundos distantes e alegrias que não lhe pertenciam.
Sentia.
O vento lhe batendo nos cabelos, nos galhos.
Chorava.
De olhos fechados e boca cerrada.
Silenciava.
Todos os seus sentimentos.
Pedia.
Sorte. Sorte para amar.
Ansiava.
Pelo carinho de outros galhos misturados aos seus.
Queria.
Raízes alheias que trançassem-se com as suas por baixo daquele verde gramado.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Ansiedade
Eu espero que uma porta se abra?
Que uma janela bata?
O que é esse final que virá?
Nem sei onde quero, onde vou chegar.
Por quê tanta ansiedade?
O mundo segue seu curso. Seu tempo.
Quero o meu tempo. Que corre.
Voa. Para onde?
Não sei.
Para quê? Não quero saber.
O que virá um dia chegará.
E talvez eu nem o sinta.
Eu não o saiba.
Assim, continuarei ansiando por algo que nem sei o que é.
Que uma janela bata?
O que é esse final que virá?
Nem sei onde quero, onde vou chegar.
Por quê tanta ansiedade?
O mundo segue seu curso. Seu tempo.
Quero o meu tempo. Que corre.
Voa. Para onde?
Não sei.
Para quê? Não quero saber.
O que virá um dia chegará.
E talvez eu nem o sinta.
Eu não o saiba.
Assim, continuarei ansiando por algo que nem sei o que é.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Novo (Velho) Amor
Em plena era tecnológica, onde as relações (humanas?) estão cada dia mais virtuais (irreais), o que buscamos senão o amor?
O amor já cantado por trovadores antigos.
Aquele de que sofreram os grandes poetas que repousam empoeirados nas prateleiras das velhas bibliotecas.
Hoje nem as poesias são feitas do mesmo modo.
Virtuais.
Relacionamentos efêmeros, quando acontecem de fato.
Mudamos. O mundo mudou.
Porém a essência humana permanece a mesma.
Sim!
Queremos o calor de um outro ser.
Precisamos de uma mão que nos ajude.
Ansiamos por sentimentos verdadeiros.
Desejamos apenas um namorico de portão.
Beijos no escuro do cinema.
A boa paquera.
Somos no fundo antiquados.
Inveterados românticos.
Ainda acreditamos em um final feliz.
Não sei você, eu acredito.
E quero, desejo, anseio, preciso.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Língua
Língua que me chacoalha na boca.
Que se bate contra os dentes.
Tenta sair boca a fora.
Língua que deseja jogar as palavras.
Na cara dos outros.
Ferina, pretende abrir feridas com sua aspereza.
Língua que é mais rápida que o pensamento.
Rasga por entre os lábios e não para.
Movimenta-se como cobra.
Língua que deseja.
Saboreia e beija.
Arde dentro de outras bocas.
Entrelaça-se com outra língua.
Trava guerras quase intermináveis.
Língua que é sexo. Fogo. No sexo alheio.
Percorre os corpos como quem procura algo.
O êxtase. O próprio e o de outrem.
Que roça no pescoço, causa arrepios.
Língua é assim.
Que se bate contra os dentes.
Tenta sair boca a fora.
Língua que deseja jogar as palavras.
Na cara dos outros.
Ferina, pretende abrir feridas com sua aspereza.
Língua que é mais rápida que o pensamento.
Rasga por entre os lábios e não para.
Movimenta-se como cobra.
Língua que deseja.
Saboreia e beija.
Arde dentro de outras bocas.
Entrelaça-se com outra língua.
Trava guerras quase intermináveis.
Língua que é sexo. Fogo. No sexo alheio.
Percorre os corpos como quem procura algo.
O êxtase. O próprio e o de outrem.
Que roça no pescoço, causa arrepios.
Língua é assim.
Parabéns...
Este ano eu não vou fazer aniversário.
Tá decidido. E não vou voltar atrás.
O medo de envelhecer me apavora.
(Mesmo?)
A criança que eu fui - já nem lembro bem.
Este ano eu não vou comemorar.
Não gosto de badalações.
Não no meu dia.
Prefiro o silêncio dos meus pensamentos.
Mas mesmo eu decidindo não fazer aniversário o tempo passará.
Isto eu não vou poder evitar.
(Fato!)
Em mim, para mim, nada mudará.
(O externo pode mudar)
Este ano eu dormirei na véspera e acordarei no dia seguinte.
Pularei o fatídico dia.
Evitarei os indesejáveis telefonemas.
As palavras de sempre.
(Nem sempre verdadeiras)
Este ano não haverá bolo nem vela.
Este ano eu não faço aniversário.
Este ano.
Tá decidido. E não vou voltar atrás.
O medo de envelhecer me apavora.
(Mesmo?)
A criança que eu fui - já nem lembro bem.
Este ano eu não vou comemorar.
Não gosto de badalações.
Não no meu dia.
Prefiro o silêncio dos meus pensamentos.
Mas mesmo eu decidindo não fazer aniversário o tempo passará.
Isto eu não vou poder evitar.
(Fato!)
Em mim, para mim, nada mudará.
(O externo pode mudar)
Este ano eu dormirei na véspera e acordarei no dia seguinte.
Pularei o fatídico dia.
Evitarei os indesejáveis telefonemas.
As palavras de sempre.
(Nem sempre verdadeiras)
Este ano não haverá bolo nem vela.
Este ano eu não faço aniversário.
Este ano.
Meu corpo escrito.
Você me lê?
Minha estória está marcada em mim.
O corpo é o livro de meu eu.
As páginas rabiscadas no se que sou.
Me leia. Devore-me.
Descubra-me e me decifre, tal como esfinge.
Eu sou claro. Não quero rebuscar meu linguajar.
O simples e entendível. Nítido.
Minha carne conta o que eu era, como aqui cheguei.
Eu sou meu próprio nome. Identidade.
Você não me lê!
Prefere perguntar-me. Fecha os olhos para as respostas que procura.
Tudo está inscrito em meus ossos e músculos.
Leia-me.
Página por página, até o fim.
E não procure um final lógico.
Não sou aristotélico. Cartesiano.
Mesmo simples sou complexo.
Falível e mortal.
domingo, 19 de agosto de 2012
O Conteúdo
Dentro de mim está contido.
O que há dentro de mim.
Em mim existe o fogo de um amor.
As cinzas de amores não concretizados.
O conteúdo é vasto, é extenso.
E perecível.
O verde dos caminhos trilhados.
Azul do céu que me olhou do alto.
O azul esverdeado do mar que me abraçou.
Calor de querer viver mais, intensamente.
Dentro de mim está o que não se pode ver.
Só se sente, se ouve falar.
As palavras de amor e ódio, que se misturam.
Como sopa de letrinhas da infância perdida.
Das memórias esquecidas dentro do meu eu mais recôndito.
E que eu cuspo num papel em branco.
Transformo-as em frases. Meus sentimentos pregados à folha.
Digo tudo que não tenho coragem de falar.
Mas eu tenho coragem. Eu falo.
Eu grito, palavras soltas, desconexas.
Sei que grito no vazio, no oco do mundo.
É preciso fazê-lo. Faço-o.
Perco-me nos caminhos dos assuntos.
Já nem sei o que estava pensando quando comecei.
O conteúdo do meu ser/estando vivo.
Rasgo de inteligência que me partiu o corpo ao meio.
Como os raios de Iansã cortam os céus das noites.
E rapidamente se apagam sem atingir o chão fértil da criação.
Dentro de mim está contido o seu ser.
Os seus eus, os meus eus. Nós.
Atrelados e confusos. Já inseparáveis e indivisíveis.
Dentro de mim está tudo que não cabe no mundo.
E só acha morada nos becos escuros dos cantos perdidos do meu pequeno corpo.
Eu que não gosto de filosofias.
Gosto de vida. De nervos, carne e coração expostos, como numa vitrine de açougue.
Para fora. Quero expelir as pedras que me restam.
Viver ultrapassa todos os pensamentos e leis da proto-filosofia.
Basta estar contido no mundo.
É ao mesmo tempo tão simples e tão complexo.
Vejamos tudo com mais clareza. Não obscureçamos o que é nítido.
Sejamos ingênuos como crianças que acabaram cruzar as portas do mundo.
A primeira passagem.
Trancemos as pernas e não sigamos tão retos.
Curvas são sempre bem vindas.
O conteúdo da vida é estar.
Estar é fazer-se vivo.
domingo, 12 de agosto de 2012
Clara Claridade Guerreira Nunes
Hoje, Clara Claridade Guerreira Nunes,faria 70 anos. Uma das maiores vozes da música brasileira, criadora de inúmeros sucessos, recordista de vendas.
Clara foi a primeira grande cantora que me arrebatou. Eu não lembro quantos anos fazem. É vívida em mim a memória de, naquele distante dezembro, ver uma propaganda na tv do lançamento de uma compilação de Clara, onde travava duetos (que anos depois seriam chamados duetos virtuais) com outros nomes da MPB. Eu não sei o que me encantou naquele comercial, como as outras que se seguiriam, Clara me escolheu como seu seguidor. Eu que não entendia a grandeza de seu canto quis apenas ganhar no natal que viria ganhar aquele disco. E ganhei, não um, dois, não eram discos, na realidade eram fitas K7. E gastei-as. Ouvia com uma atenção, com uma alegria. Era Clara me fazendo seu admirador. E assim foi. Outras cantoras também me escolheram, mas eu nunca esqueci o doce canto desta Guerreira. E jamais esquecei aquela que me abriu as portas de um mundo musical. Seu canto não deve e não pode ser esquecido.
Obrigado, Clara, onde você estiver eu sei que estará cantando e alegrando os que estiverem perto.
Obrigado por ter me escolhido.
domingo, 8 de julho de 2012
A Donzela dos Cavaleiros de Além.
Não era dessas mocinhas que se vê em filmes de época, não.
Não ouvia novela em rádio. Não escrevia num diário, não tinha coleção de papel de cartas. Não sabia costurar, cozinhar muito menos, nem pregava botão.
Era ligada em todas as novidades tecnológicas.
Mantinha um blog. Escrevia contos, de amor. De ódio também.
Postava fotos diretamente do seu ultramoderno celular.
Vestia-se bem, descolada.
Mas o seu coração era do século XVIII.
Sonhava com amores de príncipes.
Na janela do seu navegador esperava o homem da sua vida lhe mandar uma mensagem.
Esperava ansiosamente por um torpedo do amado.
No aplicativo do celular caçava aquele que lhe completaria a vida.
Suas relações não se resumiam ao mundo virtual.
Mas aquela aura de ilusão permeava todos os seus lances.
De um simples "Oi" entendia um "Eu te amo" ou "Quero viver um romance com você".
Projetava sentimentos e relações vindouras.
Iludia-se.
Os cavaleiros que queria eram seres idealizados e viviam longe.
Tentava, em noites dionisíacas, encontrar o seu Apolo.
Tudo não passava de uma fuga. Queria extravasar um sentimento que era muito maior que o sexo carnal.
Queria um encontro de alma. Um amor. Romance antigo. Namoro de portão. Precisava.
Havia dentro dela uma imensa solidão que precisa ser preenchida.
E o tal amor não chegava.
Seus casinhos não passavam de um primeiro encontro. Um cinema. Um sushi. E por aí acabava. Mas suas projeções iam além.
O engraçado é que não sofria muito. Dois dias no máximo.
Depois tudo era página virada.
E mais uma vez recomeçaria todo o ciclo.
Não se cansava.
Queria alcançar o seu objetivo.
Encontraria, sim, aqueles braços que lhe envolveriam eternamente. Aqueles beijos que lhe fariam feliz por toda vida. O seu amor.
domingo, 1 de julho de 2012
Ir.
Eu tenho medo do que o tempo fará de mim.
O que eu farei com o tempo.
Que me resta.
O implacável senhor de nós nos domina.
Nós o dominamos?
Retardar o quê?
Rumar para o único lugar onde iremos chegar.
O destino comum de todo ser.
Trilhar o caminho.
Em frente, sem mirar o antes.
O instante passado, passado é.
E o futuro que virá quem poderá dizer?
Apenas viver.
O tempo fará de mim o que eu quiser.
Talvez, apenas o que ele puder fazer.
Isso me atemoriza.
Mas o passo segue firme.
Num chão, nem sempre, tão forte e livre.
O caminho é o que importa.
O destino já nos é conhecido.
E pouco me assusta.
Antes, me aterroriza, a forma como lá chegarei.
Sigo. Apenas. E só.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Imagens
Começou remexendo em fotos antigas.
Suspirou, reviveu emoções e teve saudades.
Parecia que vivia tudo pela primeira vez.
Era engraçado se ver tão diferente e tão igual, passado tanto tempo.
Sentiu aquela sensação de ver a vida passar como um filme.
Teve medo.
Estava perto do fim?
Do fim de quê?
Será que a morte era realmente o fim de tudo?
Se fez mil perguntas e não encontrou resposta alguma.
A vontade de revirar as fotos lhe consumia.
Encontrou imagens que estavam se esmaecendo na sua memória, agora podiam ser reavivadas.
Correu toda a vida do hoje ao ponto mais remoto que sua mente alcançou.
Sorriu de leve em alguns momentos.
Gargalhou diante de fotografias em que se via ridículo.
O tempo.
Quando menos esperava, envolvido em recordações, a pergunta sempre lhe voltava:
Estava chegando ao fim?
Mas ao virar as páginas amarelas do velho álbum ela se perdia.
Enfim, depois de olhar todas as fotografias guardou-as na velha caixa de madeira.
Colocou-a sobre o empoeirado guarda-roupas e tentou se esquecer.
É. Era chegado o fim.
Silêncio.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Às margens do rio.
Costumava sentar-se à beira do rio balançando os pés na água morna. Foi dali que avistou, na outra margem, o belo moço. Era jovem, formoso, branco de cabelos negros. Sentia de longe seu perfume selvagem e amadeirado. O moço sorriu e acenou para ela. Encabulada deu um leve adeus e um tímido sorriso. Foi assim. Apaixonou-se perdidamente. O moço seguiu seu rumo do lado de lá. A jovem de longas tranças e vestido simples já não pensava em mais nada, apenas naquele belo rapaz. Todos os dias voltava ao mesmo ponto da margem do rio e ali ficava à espera do amado. Buscou saber informações ao seu respeito, mas ninguém sabia nada. Esperava-o sempre no mesmo horário. E assim passou-se uma semana, um mês, um ano. Ele nunca mais apareceu. Começou-se a comentar na pequena vila sobre a moça. Era chamada de "a noiva sem marido". Corridos alguns anos demorava-se cada vez mais sentada a esperar o seu homem. Trazia sempre os cabelos em tranças e vestia o mesmo simples vestido estampado com pequenas flores. Dez anos correram nos calendários. Para ela o tempo não passava, fora ontem que havia avistado o seu rapaz querido. Já não fazia outra coisa a não ser sair de casa para ir à margem do rio. Tomavam-na por insana. Seus olhos guardavam um brilho estranho, como os olhos dos loucos, dos apaixonados. Cantarolava canções que ninguém mais lembrava. Seus cabelos foram prateando, seu vestido se puindo. Um dia saiu de casa e não voltou. Os que dizem tê-la visto naquele dia, passaram por ela e a viram sentada no habitual local, as horas da tarde já iam avançadas, começava a escurecer. No dia seguinte o rio estava calmo, suas águas mais cristalinas que o habitual. E sumiu-se assim. Sem deixar rastros, apenas as histórias que o povo contava. Do moço também não se soube mais, nem se envelhecido havia. E findou-se.
domingo, 13 de maio de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
O último romântico...
Enquanto as relações virtuais dominam o mundo, eu ainda resisto. Como um disco romântico esquecido na vitrola, rodando a 33 rotações por minuto. Eu ainda anseio por um toque de pele. Uma mão quente que me envolva e acaricie. A era contemporânea, pós-pós-pós alguma coisa, é irreal, surreal, virtual, mentirosa, falsa e fria. Falsa no sentido mais restrito da palavra. Distâncias podem ser encurtadas via internet, saudades amainadas, eu sei. Não sou contra. Longe disso. Sou cria deste modo de vida. Ela é sedutora, nos enreda em suas teias e ramificações, nos prende horas a fio, mas ela não substitui o calor, o abraço, o corpo quente e suado das relações humanas. Estas exposições gratuitas e desnecessárias, satisfações publicadas como notícias de jornal, com rapidez, velocidade. Nada me aborrece mais do que pessoas que se justificam para o mundo. Pessoas que usam as redes sociais como diário de bordo e agenda. Idiotas. Alguns curiosos de plantão até podem se interessar por isso. No mais, a ninguém interessa, então guardem-se. Onde se escondem os mistérios? O jogo de sedução das pessoas? Tão expostas assim não nos resta nada para descobrir, o sabor da descoberta e da conquista fica perdido. Não quero me colocar como o correto. Apenas exponho meus pensamentos, antes guardados só para mim, queimados dentro de mim mesmo. Eu prefiro deixar coisas no ar. Pistas e não o mapa completo. Não há necessidade de se dizer tudo a todo momento. Economia de palavras. Gastemos em coisas produtivas e criativas. Exageremos nas relações reais, nos abraços, nos carinhos, rocemos pele com pele, sejamos HUMANOS.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
quinta-feira, 22 de março de 2012
Drama!
Eu gosto dos dramas.
De peitos rasgados.
Corações pulsantes em vermelho vivo.
Eu gosto das almas feridas em grandes dores contorcidas.
Das paixões dilacerantes e arrebatadoras.
Arroubos súbitos.
Dos choros entre soluços.
Arrependimentos e iras passageiros.
Idas e vidas, quentes recepções e odiosas expulsões.
Eu sou da tragédia. Medeia, Iphigênia...
Sofrimento é meu eterno companheiro.
Eu sou assim.
Grandes emoções que me sacodem internamente.
Eu gosto de ser assim.
Os amores calmos e tranquilos não me interessam.
Eu quero gritar de dor, de peito aberto e vísceras à mostra.
Como na velha canção de Celestino...
Um coração que cai em meio a estrada.
Palpita até o último instante pelo amor caloroso.
Eu gosto de amores como os grandes poetas.
Que sofrem por seus amores nunca correspondidos.
Este é o sentido do amar.
Rasgar o corpo em dor. Chorar lágrimas de saudade.
Viver intensamente momentos vãos que um dia serão relíquias.
Amar, sofrer, doer, perder, viver.
Amor com dor.
E no ato final saberemos que valeu viver e chorar tanto.
Ouvir: Fósforo Queimado (Paulo Menezes, Milton Legey e Roberto Lamego) in: "Maria Bethânia Ao Vivo" - 1970, faixa 09, Odeon/EMI
De peitos rasgados.
Corações pulsantes em vermelho vivo.
Eu gosto das almas feridas em grandes dores contorcidas.
Das paixões dilacerantes e arrebatadoras.
Arroubos súbitos.
Dos choros entre soluços.
Arrependimentos e iras passageiros.
Idas e vidas, quentes recepções e odiosas expulsões.
Eu sou da tragédia. Medeia, Iphigênia...
Sofrimento é meu eterno companheiro.
Eu sou assim.
Grandes emoções que me sacodem internamente.
Eu gosto de ser assim.
Os amores calmos e tranquilos não me interessam.
Eu quero gritar de dor, de peito aberto e vísceras à mostra.
Como na velha canção de Celestino...
Um coração que cai em meio a estrada.
Palpita até o último instante pelo amor caloroso.
Eu gosto de amores como os grandes poetas.
Que sofrem por seus amores nunca correspondidos.
Este é o sentido do amar.
Rasgar o corpo em dor. Chorar lágrimas de saudade.
Viver intensamente momentos vãos que um dia serão relíquias.
Amar, sofrer, doer, perder, viver.
Amor com dor.
E no ato final saberemos que valeu viver e chorar tanto.
Ouvir: Fósforo Queimado (Paulo Menezes, Milton Legey e Roberto Lamego) in: "Maria Bethânia Ao Vivo" - 1970, faixa 09, Odeon/EMI
domingo, 18 de março de 2012
Certo ou Errado?
O que é certo, o que é errado?
Tudo irá depender do chamado ponto de vista.
Se para uns amar é errado, para mim é certo.
Até vital.
Sofrer é errado? Talvez sim.
Ou não.
Necessário.
O que é certo no amor?
Na relação entre dois?
É errado ser amado?
Assim parece.
[ Neste ponto o meu fluxo de pensamento foi interrompido por uma ligação. E eu não sabia, não sei, se estou agindo certo ou errado. Não sinto. Vou indo.]
O erro acontece num deslize da tentativa do acerto.
O certo é um erro frustrado.
Assim eu entendo as coisas.
Assim eu vejo e vivo, tentando acertar e algumas vezes frustrando o erro.
Tudo irá depender do chamado ponto de vista.
Se para uns amar é errado, para mim é certo.
Até vital.
Sofrer é errado? Talvez sim.
Ou não.
Necessário.
O que é certo no amor?
Na relação entre dois?
É errado ser amado?
Assim parece.
[ Neste ponto o meu fluxo de pensamento foi interrompido por uma ligação. E eu não sabia, não sei, se estou agindo certo ou errado. Não sinto. Vou indo.]
O erro acontece num deslize da tentativa do acerto.
O certo é um erro frustrado.
Assim eu entendo as coisas.
Assim eu vejo e vivo, tentando acertar e algumas vezes frustrando o erro.
quinta-feira, 1 de março de 2012
A Distância...
Eu não sei o que te dizer.
Não sei como ajudar.
De tão longe meus braços não te podem alcançar.
Minhas mãos não estão perto de teu corpo para acarinhar.
Tua angústia torna-se minha, mesmo com a grande distância.
Nas noites de chuva desejo estar aí.
Ao teu lado.
Debaixo das cobertas, me esquentando com o teu calor e te fazendo alegre.
Enxuga as lágrimas.
Sorri lembrando-te de mim.
E eu daqui saberei que sorris, pois o sol brilhará diferente na minha janela.
Mando no vento um beijo, que te tocará as faces com doçura.
É o pouco que, de longe, te posso ofertar.
Não sei como ajudar.
De tão longe meus braços não te podem alcançar.
Minhas mãos não estão perto de teu corpo para acarinhar.
Tua angústia torna-se minha, mesmo com a grande distância.
Nas noites de chuva desejo estar aí.
Ao teu lado.
Debaixo das cobertas, me esquentando com o teu calor e te fazendo alegre.
Enxuga as lágrimas.
Sorri lembrando-te de mim.
E eu daqui saberei que sorris, pois o sol brilhará diferente na minha janela.
Mando no vento um beijo, que te tocará as faces com doçura.
É o pouco que, de longe, te posso ofertar.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Acabou nosso carnaval...
Passada a euforia, retorna a calma. Varrem-se os salões e todos os sonhos. Os brilhos, confetes, serpentinas e amores se desfizeram na chuva. Silêncio nos corações foliões. Os raios da quarta-feira veem apagar as alegrias. Deixa um vazio, que só se preencherá no próximo ano. Quando os clarins anunciarem as novas folias. As fantasias serão guardadas até que possam novamente sair dos armários e dos corações para ganharem as ruas. Os corpos suados que se esbarram, os calores que emanam nesta festa da carne. Paixão, fogo ardente...
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