diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Como assim?

Como ser assim?
Tão só, e só.
Queria ser diferente.
Mudar.
Ser como me querem...
Ou não?
Ser inteiro, ser eu.
Assim como fui.
Como sou.
E como serei?
Quem sou eu no mundo?
Em que vácuo me encaixo?
Horizontes perdidos e vastos.
Longes verdes campos.
Infeliz comigo.
Feliz contigo.
Sempre calmo, calado.
Impressionantemente meu.
Absurdos à parte.
Comicidade estranha.
Pensamentos desvendados.
Cabeça particular.
Passos trôpegos e mansos.
Como ser assim tão só?
Como ser infinitamente tão solitário?
Pensar em ir e não sair do canto.
O meu canto é canto de ninguém.
Voz minha espreita o coração.
Silêncio que me toma internamente.
Gás que inflama meu ser.
Penso em não ser assim, tão só.
Tenho vontade de ser alguém.
De ter meu espaço no mundo.
Sonho ter um ser comigo.
O meu ser externo e terreno.
Aéreo sonho que se desfaz.
Éter eterno.
Mente eternamente.
Expressão cuspida de mim.
Excremento do meu ser.
Fração milionésima de algo.
Microfragmentos das vidas alheias.
E só, e sente, e...

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