diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 30 de setembro de 2007

sertão interno

queria tanto poder chorar.
olhos secos.
face enxuta.
alma sem vida.
coração pétreo.
que de mim nada sobre.
queria poder fazer rolar
do canto estreito do meu olho,
uma única e furtiva lágrima.
mas água não há mais em mim.
apenas a aridez da desilusão.
só o sertão de mim.
seca a boca, longe dos beijos.
mãos úmidas estão, hoje, mortas.
frias, tensas, duras, como as minhas feições.
seriedade, serenidade.
amargo gosto de saudade.
que lágrimas secaram no meio do caminho.
nunca saíram dos olhos fundos.
hoje cerrados definitivamente.
findo o meu ser.
extinta a minha alma.

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