diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Senhora de Todos Nós

Voz que me rasga as entranhas.
Crepitante, ardente.
Voz que acalenta meus sonhos.
Que aplaca minhas dores.
Flor morena baiana.
Pepita santamarense.
Corpo delgado e belo.
Profundos movimentos cênicos.
Corpo que baila e canta.
Serena menina de interior.
Doce, cheirosa e macia.
Olhos d'água do céu.
Pesonificação de Oyá.
Pés descalços que flutuam no espaço.
Pessoa de éter.
Cabelos revoltos e leves.
Brisa de verão que refresca.
Gosto de quero-mais.
Filha de alguém superior.
Criação divina e bela.
Gestos largos e fortes.
De saia, de calça, de branco,
azul, vermelho ou amarelo.
Sempre radiante força sublime.
Figura cênica e terna.
Misto de ar, água, terra e fogo.
Fogo que queima e não dói.
Perturbadora do silêncio inerte.
Voz ecoante no vazio.
Fricção do tudo e nada.
Abismo do ser e viver.
Viva sempre no meu universo.
Cortinas descerradas, sempre.
Luzes difusas do seu palco.
Não se apaguem jamais.
Estrela da terra.
Fruta de todas as estações.
Calor do inverno.
Mãos firmes e longas.
Brilhos de ouro.
Singela mulher.
Grande rainha de nós.
Guia-nos nos teus passos luzentes.
Ora pra teus Deuses supremos.
Pede que possamos sempre te olhar.
Que nunca te percamos de vista.
Com teu talento nos cobre de música.
Preza pelo teu Sagrado Ofício.
Guarda tua casa, teu altar de adoração.
Ontem menina, hoje senhora.
Sempre cantora.
Vinho da mais nobre safra.
Liberdade de todos os presos.
Voz de nossos sofridos corações.
Dai vida a quem nada tem.
Leva teu canto aos remotos lugares.
Faz tuas cantigas na hora de dormimos.
Para que todas as noites sonhemos contigo.
E sabermos que em sonho ou na realidade
és tu a voz de nossas vidas.

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