diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Como é costume aqui estou escrevendo sobre o ano que termina e as expectativas do que se inicia. O que 2008 me ensinou, me trouxe, me levou... Este ano vi que a convivência nos faz olhar as pessoas de uma forma diferente, criando até atritos que nunca pensamos, porém precebe-se que tudo isto é necessário ao nosso crescimento. Que o trabalho é dignificante. Que nem sempre as coisas acontecem como nós desejamos, mas não devemos cruzar os braços ante as dificuldades. Que eu deveria ser mais de um para poder estar com tantas pessoas que amo e me cobram tanto esta minha presença. Que sou pequeno e estou só começando.
Este ano comemorei meus dez anos de teatro. Acho até que em grande estilo. Dirigindo meu primeiro espetáculo: POR UMA CABEÇA. Um sonho d'Os Soltos que se tornou realidade.
Janeiro foi um sopro de novos projetos, um novo fôlego para o ano que se iniciava. Um ano de trabalho. Fevereiro trouxe a "minha" festa: o carnaval, aliado ao trabalho. Março segue tranquilo com os passos do espetáculo. Junho guardava mais trabalho, que se seguiu por julho. Agosto tras um novo espetáculo minha segunda experiência com teatro infantil, reencontrando amigos no palco e a reta final da montagem de Por Uma Cabeça. Setembro estréia o primeiro espetáculo d'Os Soltos, uma realização nossa. Outubro é hora da reavaliação do nosso projeto, planejamento do futuro. Novembro, meu mês, 21 anos, trabalho, experiência na rua. Dezembro nos traz boas novas, primeiro prêmio do espetáculo e o anúncio da nossa primeira participação em um festival, Janeiro de 2009 que nos aguarde. O ano termina depois de muitos projetos, muitos sonhos acalentados para serem realizados nos próximos anos. Planejando o próximo ano, cair na estrada com o espetáculo, dar realmente nossa cara a tapa.
Receber os louros e as críticas igualmente.
Trilhando nosso caminho, fazendo nós mesmos a nossa escola.
Que os projetos de 2009 venham, que outros surjam no caminho, o que eu quero é trabalhar.
Que os anjos e santos de todos nós nos guardem hoje e sempre.
Agradecendo sempre à Iansã, a Dioniso nosso Deus.
Êparrei! Merda à todos nós.
Que Deus nos guarde.
Amém à todos nós.


PESSOAS QUE MARCARAM EM 2008:

Minhas Soltas (Du, Moemas, Regi e Soufis).
Helena, que me deu uma força enorme. (Valeu Caricata!)
Minhas novas aquisições: Reny (Minha Dinastia) e Tay (Expressiva)
Nely, meu amor de sempre.
Mag, hoje, talvez, mais próxima que nunca.
Guga, não vale nada, mas sempre me apóia.
Rayssa, meu pokémon do arruda, meu brinquedo preferido da estrela.

OS AUSENTES QUE SE FIZERAM PRESENTES, OS QUE SURGIRAM, OS QUE REENCONTREI:

Dete, Gina, Zanel, Paloma, Joelma, Laís, Willita, Ádila, Cecília, Anália, Maíra, Soll Nejaim, Edna, Renata, Lolly, Paulina, Sandrinha.

OS QUE ENCONTREI NO TRABALHO:

Pablo, Bobby, Pascoal, Vilarim.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O tempo da Senhora Menina.

Quando chegou, ainda menina, pisando levemente, despudoradamente.
Cantou, queimou como árvore seca, as agruras de um sertão longinquo.
O tempo foi tornando-a mulher.
Dramática dona de cena, uma cena muda.
Voou alto, como um pássaro proibido, num vôo da manhã.
É uma pedra rara, um talismã.
Guarda na sua tez morena as histórias de sua terra.
Os sambas-de-roda, riscados nos pratos de louça.
Disse Pessoa, como jamais ouvimos antes.
Sonhava em ser Adela.
Pulou de vários trampolins durante a vida.
Hoje, uma senhora, tão diferente e igual àquela menina.
A menina que ainda reside no seu interior.
A criança que se chama instinto criador.
É assim, tão simples, tão soberana, tão rainha.
Dissonante voz feminina.
Ave de rapina, abelha de doce mel.
O tempo marcou tua face com graves sulcos.
Teus cabelos muito mais longos que antes perdem a cor.
Teu semblante é muito mais sereno que outrora.
A voz, a cada dia mais macia.
Curtida como vinho antigo.
Tua estrela reluz sobre nós.
Esse brilho jamais se apagará.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

poema

a pena e a tinta.
as palavras.
sentimentos expostos.
e só.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Adaptações.

Pois que de terra árida se faça brotar tudo.
Como a voz vibrante que nasce da garganta.
Que de onde não se espera surja muito.
Os amigos também podem ser amores.
Sentimentos mudam, como as pessoas.
Hoje não é igual a ontem e ao amanhã.
A vida nunca pára, roda-gira, não estática.
Sempre mutante.
Fascinantes momentos aparecem.
Numa velocidade de luz.
E somem de forma igual.
Não que tudo deve ser desregrado, não.
Apenas não sejamos tão fechados.
Maquinalmente programados.
Flexibilidade existe.
E isso é o que deve importar.
Adaptações são necessárias e boas.
Terra seca brote flores belas e duradouras...

domingo, 16 de novembro de 2008

Divagações Resumidas

A vida é um círculo vicioso.
As coisas vão e vem.
As pessoas passam e voltam.
Os amores de antes ressurgem.
E nós não nos damos conta.
Quando o passado retorna é divertido.
E assustador ao mesmo tempo.
Tenta-se corrigir os erros anteriores.
E acaba-se cometendo-os novamente.
Eu não sei bem ao certo o que me espera.
Muito menos o motivo de estar dizendo estas palavras.
Elas brotam de meu pensamento como flores de jardins antigos.
Aqueles que alcancei e apreciei quando ainda era um menino inocente.
Em meu tempo de criança pensava que o mundo não tinha fim, era infinito.
E, hoje, eu bem o sei que não é tão assim quanto parece ser, é grande.
Mas, não é infinito, há pontos de partida e de chegada, destinos.
Caminhos muitas vezes tortuosos, diversos.
Há momentos em que qualquer um quer deixar tudo.
Partir para horizontes distantes.
Eu não sei mais nada sobre o que sabia.
Não sei nem qual o motivo que me levou a falar hoje.
E divaguei sobre vários aspectos da vida.
Quando simplesmente eu queria dizer que ainda te amo.
Que meu amor foi apenas interrompido, por um tempo.
Ficou adormecido no meu peito, como um dragão dos contos medievais.
Pois eu soube a hora de me recolher, sair de cena. Deixar-te livre para teus amores.
E eu calei-me na escuridão do meu ser. Mas, hoje, sinto que te posso dizer:
Eu te amo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

noites de domingo...

nostálgicas noites.
que domingos são.
eu vejo letras soltas.
palavras inteiras.
na fumaça dos cigarros.
os meus e os alheios.
as estrelas enfeitam o céu.
riscam brilhos eternos.
o breu consome o tempo.
e é frio.

Morte

Que nos ronda vida inteira.
A única e absoluta certeza.
Que me amedronta.
Me comove toda vez que bate perto.
Que eu não gosto muito de pensar.
Medo, que me mete medo.
Absoluamente inevitável.
Da qual ninguém escapa.
Sentimento funesto.
Saudades imensas que ficam.
Tristezas sem fim.
Flores e velas, o cheiro característico.
Que se trilhem caminhos de paz.
No obscuro que vem depois.
Pois, ninguém sabe o que vem.
Ao certo não há quem saiba.
Só quando lhe convier saber.
E que não me convenha tão cedo.
Muito, muito mais tarde.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Eu, assim.

Que grande movimento acompanhei?
Quais motivos me levaram à tal?
Eu que sempre me entreguei.
Levianamente.
Despudor é meu lema.
Arriscar sempre e tanto, quanto mais.
Melhor, viver, divir que somar.
E eu sonho, ontem, hoje...
Sempre!
E o medo, medo de quê?
Nunca me apavora.
O pavor passa ao largo na vida minha.
E eu sorrio.
Durmo tranqüilamente.
Sambo em dias alegres.
Canto nos dias tristes, que são poucos.
Para minhas energiar reavivar.
Que músicas tão belas compostas tempos atrás.
Subo e desço ladeiras levando meu amor.
Amores, nunca fui simples.
Sempre composto, vários.
Vidas múltiplas dentro de mim.
Já fui um pouco de tudo, do que der vontade me visto.
Vivo essas e muitas outras pessoas.
Campos amplos corro, mas, não tropeço.
Minha vida é assim.
Tão simples e ritmada que cabe numa pauta.
Numa lauda.
Entre arranjos de sete mínimas notas.
Faço comporem valsas dolentes, frevos rasgados,
sambas-canções, muitas bossas.
Não sou adepto de um único tempo.
Vou à frente, volto atrás.
Não respeito regras.
Sou errante e nunca errado.
Cavaleiro do pós-futuro.
No fundo dos olhos meus transporto mundos.
Vejo gente de toda espécie.
E sou simples.

domingo, 21 de setembro de 2008

Não mais como antes

Eu que nunca quis ser normal.
Nunca o consegui, eis a verdade.
Se é que verdade existe.
Eu que sinto tanto, sempre, muito.
Nunca quis impressionar, apenas vivia.
E não sonhava ser tão ridículo.
Quão imbecil fui?
A vida passou.
O tempo criou asas.
Eu já nem sei se existo.
Fico triste, mas não choro.
Já não sei nem chorar.
Me pergunto até se ainda sinto.
Sentir o que?
Só sinto saudades, de pessoas, de momentos.
De sentimentos passados, se vidas antigas.
Eu não quero mais viver.
A vida não vale, as pessoas são tão poucas,
as que valem.
E querer não é mais poder.
Poder é estar em cima.
E ninguém perdoa o diferente.
Os excêntricos são ruins...
Eu não quero mais escrever.
As palavras secaram em mim.
E eu ainda tenho tanto para dizer.
Contar de amores passados, de coisas sofridas.
Mas não dá.
O tempo acabou.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Para nada.

Eu insone... Aqui, são quase duas da manhã...
Nem o cansaço me vence.
Eu pensando no trabalho.
Imaginando o futuro. Os caminhos a serem percorridos.
Mirando os passos já dados.
Uma realização.
Sonho concretizado.
Obstáculos que pensávamos intransponíveis.
Hoje estão absolutamente superados.
E nós correndo, saltando longe.
Que as porta, porteiras se abram.
Pois estamos passando.
Eu escrevendo no escuro da madrugada.
Lendo Clarice, ouvindo músicas conhecidas.
Esperando que os dias se passem...
Não, não há para que esperar. Coisas têm que ser feitas.
Soluções rápidas têm que ser pensadas.
O frio da noite não me amedronta.
O medo, faz tempo esqueci.
Passo páginas de jornais freneticamente, até atingir o ápice.
O cume, ainda, não foi alcançado.
Em breve.
A breviedade da vida talvez não permita.
Correr, saltar, sair.
Pés e passos firmes. Como todas as nossas decisões.
Pensei de repente no mar, não o mar claro de dia.
Aquele escuro da noite que tem beleza e mistério.
O espelho da tão alta lua.
Não consegui arregimentar nenhum pensamento.
Minha cabeça trabalha absurdamente rápida.
E talvez por isso não tenha conseguido adormecer.
E o dia novo já se anuncia com muitas coisas para se fazer.
Com horas para correr loucas nos cucos europeus.
Nos relógios de camelô, em todos a que se propõem marcar hora.
Hora para quê?
Orientação nossa...
As frases cada vez mais curtas, palavras repetidas.
Loucuras, devaneios, pensamentos desconexos.
Desarticulação noturna.
Amém.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O passado ronda...

Procurando estar comigo sozinho, passo os últimos dias em pensamento. Não querendo criar expectativas de um futuro feliz. Apenas refletindo sobre minhas absurdas ações. Quis chorar, muitas vezes durante estes momentos, em que me peguei revivendo o passado. Um passado não tão distante no tempo, mas muito distante nas possibilidades. Não sei se possível será reavê-lo. Correndo atrás dos prejuízos provocados por irresponsabilidades minhas, tento reconstruir pontes que derrubei. Penso em reescrever histórias antigas. Não, não é vergonha se arrepender de coisas que fizemos. E hoje eu estou, sim, bastante arrependido de coisas que fiz, não de palavras que disse. Quando devia ter estagnado inventei de seguir em frente. E hoje penso em como poderia ter sido bom um momento de calmaria, nesta minha tão conturbada vida. Às quatro da manhã quando te revi pensei que o mundo tinha parado. O passado veio à tona tão rápido como um relâmpago. E eu nos vi juntos, como há tempos não estávamos. E eu quis reviver tudo, talvez com mais intensidade que no momento em que vivemos. Para que no futuro estes momentos não fiquem como meras lembranças claras na memória. E sim marquem-nos como tatuagens cravadas nas nossas peles, tão alvas e quentes. Teus lábios nos meus, nossos dentes se chocando em beijos compridos. São tão boas lembranças que trago. Andar de lado no ônibus te faz enjoar, não esqueço. Hoje não te mandaria fechar a boca. Lembras de estrela em francês? Oui! Merci. Amour. Desde daquele tempo parei de falar francês. O meu tão ridículo francês era apenas pra ti. Ainda escuto aquela canção, meu nome, um presente teu. Hoje vivo só com minhas recordações. E esses dias todas pularam do fundo do meu armário juntas, me fazendo sentir teu cheiro novamente, o sabor de teus beijos, tão antigos. Tua fala mansa, teus olhos cristais. E eu quero, quis ou quererei, não sei, estar contigo novamente. Nem que seja ao menos um segundo. Como éramos no passado, talvez ainda possamos ser no futuro. Amigos? Amantes? Algo. Tu, hoje, és necessária para minha sobrivência. Possa ser que seja apenas uma idéia fixa que eu tenha a perseguir. Porém, torna-se indispensável a mim. E eu não sei mais. Apenas não sei mais absolutamente nada do que era, do que sou, do que serei. Só sei que existes, tão firme e fixa na minha cabeça. Como solucionar-me não pretendo saber. Talvez essa resposta só tu saibas. E eu não me preocupo, apenas quero-te, como te quis a alguns anos. Vem. Eu te espero.

sábado, 2 de agosto de 2008

Abstrações Sem Nome.

Eu nunca fui o meu nome.
Nenhuma denominação, na verdade.
Eu pairei a vida inteira no desconhecido.
Nunca estive à luz, só a sombra.
Quantos dedos há nas mãos?
O número desejado, imaginado...
Eu queria noites infindáveis.
E dias hibernados.
Desfeito tudo, encerrado.
Abstrações de caminhos errados.
Chuvas inundantes da minha alma.
Eu sei que sobreviverei.
Como de outras vezes sobrevivi.
Galguei sonhos e nada.
Não, eu não vivi.
Eu sei.
Apenas passei na vida.
Despretenciosamente estive no mundo.
Não sendo absolutamente nada.
Ninguém.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Mudo Mundo.

Que peso as palavras têm?
Por que nós as usamos?
Deveríamos nos comunicar de outra forma.
Palvras machucam, ferem.
Muito mais do que acariciam.
As frases, feitas de palavras, as palavras feitas de letras.
Não seriam mais que sinais inscritos num papel.
Se nós não lhe tivéssmos dado significados.
Aí, reside, talvez, o nosso erro.
Eu queria ser mudo.
Para não ter que usá-las.
Preferiria não saber ler, escrever.
Ser ignorante.
A ter que me deparas com facas gráficas ou orais.
Que me cravam o peito.
Me rompem a alma.
Desfazem meus sonhos.
Destroem minha vida.
A palavra é o mal da humanidade.
As línguas deveriam se aquietar.
As mãos não mais empunharem canetas, penas.
O dicionário é o chefe dessa maldade.
Queria o mundo sem silêncio.
Apenas olhos que espreitam o movimento.
Sinais corporais.
Nada de palavras.
O puro instinto agindo sobre a razão.
Nada de palavras e frases de efeito.
O mudo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A noite de hoje.

O mundo podia ter acabado ali.
Eu, você, abraçados.
Como eu sempre quis.
Sonhei.
Mas o meu amor é pouco para nós.
Tu não me amas.
Eu te amo, sozinho, não mais calado.
E eu pensei em tudo.
No passado, no presente.
E se haverá um futuro.
Eu não sei se seremos nós no futuro.
Ou tão somente cada um na sua.
Eu quis tanto ter-te em meus braços.
E quando eu tive dizia-mes que não me amavas.
Não me amavas como eu queria.
Mas se girar do globo tivesse parado ali estaria feliz.
E nada mais me importava naquele instante.
Teu calor se entrelaçando com o meu.
Tuas mãos nas minhas.
Minha boca murmurando declarações vãs.
Para ti.
Por ti.
E eu ali, contigo enlaçada em mim.
Quem me dera outros momentos assim.
Não, não, eu não mereço. Eu não devo.
Eu devia te odiar. Não te ver, não querer, desejar jamais.
Mas não consigo.
Tive vontade de chorar, não aconteceu.
Quis te beijar, me fiz.
Quero dormir não consigo, penso em ti, em nós.
Que nós, nóas não existimos.
Existe tu e eu, cada qual com suas vidas.
Em separado. Atravessados.
Eu atravessado no teu caminho e tu no meu.
Isso não é bom, para ninguém.
Ai, noites frias em que sonho com tua figura, tão linda.
Tão alva como o brilho da lua.
A lua que embala minha solidão.
Eu tentarei não mais te amar.
Ou não te amar mais.
Um pouco menos, talvez.
Quem sabe num futuro próximo nós nem nos vejamos mais.
O tempo se encarregará de nos distanciar?
Ou irá nos aproximar?
Paira a dúvida, tão certa como o futuro incerto do meu amor.

domingo, 20 de julho de 2008

Fato.

Uma coisa é fato:
O passado não volta.
E nem todo mundo aceita isso.

Devaneio.

Faz tempo não escrevo.
Não me sentia apto à tal.
Hoje me deu vontade, necessidade, desejo, fome de comer laudas e mais laudas de um papel virtual.
E aqui estou de caneta invísível em punho, escrevendo despudoradamente como eu amo. Ouvindo uma voz cantar aos meus ouvidos, sons já de há muito conhecidos.
E eu não me estabeleço em lugar nenhum, eu habito no universo paralelo criado pelos autistas.
E continuo livre.
Eu sonhei com morte, porém não chorei.
Há tempos que também não choro, e nem tampouco me sinto à vontade para fazê-lo.
Eu tive coragem e dei a cara à tapa, apanhei muito, e não me arrependo nem um pouco.
Nem pretendo me arrepender.
Quero viver assim, correndo, pulsando como meu coração insano que palpita no peito.
Uma anti-forma de vida.
Um fado sambado, um frevo abolerado.
Uma multidão perdida no deserto.
Um oásis na avenida.
Trilhos aéreos, ruas marítimas.
Marulho, barulho, silêncio.
Eu absurdo, obsoleto, audacioso.
Clemente e temente, não demente.
Vivente. Tratados desfeitos. Acertos errados.
E a voz me entoa cantigas antigas nos ouvidos, que não estão cansados de ouvi-las.
Quero e não posso, deixar de te amar.
Posto que é imortal. Visto que não é infinito.
Que não dure o tempo necessário, ou melhor que não dure tempo nenhum.
Eu quero morrer.
Mas chorei a morte dos 101 anos de vida louca. Desci.
Crepita árvore vocal da mulher de nariz adunco.
Violinos enchiam o ar de emoções.
Eu sonhei, um dia, em ser músico, mas a matemática não me entra na cabeça.
Virei artista. Atormentado, atormentador.
Vivi vidas alheias e nunca a minha.
Queria que eu fosse psicólogo.
Acho que até hoje acreditam que eu o sou.
Mas. Sem mais delongas.
Com mais alongamentos.
Crescendo, alargando, como vias públicas.
A Nossa Senhora das Cantoras Brasileiras, quem é?
Jornal. Morte. O que são as palavras?
Aglutinamento de letras.
Mas assim são, aleatoriamente ou não?
Eu não sei mais de nada.
Eu que queria saber de tudo.
Mudar tudo. Viver tudo. Ser amado.
Não sei, não mudei nada, nem ninguém, não vivi nada, nem muito menos fui amado.
Só amei, ah, isso isso. Aí eu caprichei.
E me arrebentei, me estabaquei, caí, quebrei a cara, as mãos, os braços, as pernas, foi uma legítima carnificina.
Meus punhos doem.
De tanto escrever, meus olhos pesam na face, pálida, triste e velha.
Meu cerébro não quer mais pensar.
E eu paro por aqui, esse escrito.
Esse verdadeiro devaneio. Que talvez nunca exista.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Os Soltos

Os ventos sopraram...
O tempo juntou...
Dioniso abençoou...
E aqui estamos...
Saltos nos caem a cabeça...
Interesses diversos?
Alma grupo?
Todos por uma cabeça...
Super-heróis?
Aves livres?
Super fantasticamente.
E amantes, amadores...
Abstratamente unidos.
Saltos espetaculares.
Somos assim, felizes.
Abertos, livres.
Soltos no mundo.
Sem amarras.
Sem preconceitos.
Absolutamente.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Reconstrução

Que as poeiras antes levantadas
Se assentem.
Que os sentimentos de ruins
Dêem lugar à felicade.
Que meu coração se acalme.
As dores se aplaquem.
E assim eu esteja pronto,
Para um novo amor.
Viver tudo novamente.
E que dessa vez possa ser real.
Que tudo que eu imagine
Se concretize.
E fim.

domingo, 29 de junho de 2008

Boca Amarga...

Minha boca traz hoje o amargor.
De promessas perdidas.
Palvras proferidas com ódio.
Da falta dos teus beijos.
Planos não realizados.
Momentos não vividos.
Minha boca é seca.
Como terra árida.
Infértil chão.
Meu coração é duro.
Minha boca antes de palavras doces.
Hoje tem fel brotando.
Tem uma verborragia cacofônica.
De pragas rogadas.
Ladainhas repetidas.
Maldições constantes.
Derrama malígnos temas.
Minha boca não é mais bonita.
Não tem contornos definidos.
Borrão na minha triste face.
Cansada da minha tão mal vivida vida.

saudades

seu cheiro que não sinto mais
suas mãos que não me afagam
teus olhos que não iluminam meu olhar
teu corpo que não recosta no meu
teus lábios que não me beijam
respirações compassadas
corações conjuntos
vidas unidas
hoje só
solidão.

o tem(po)

a breviedade do tempo me assusta.
a implacabilidade é feroz.
não se segura momentos.
eles passam, como o vento.
e nada fica.
o tempo, tempo, é tempo.
absolutamente senhor de todos.
criador de eventos.
espalha sentimentos.
faz a vidaacontecer.
as pessoas envelhecerem.
as vidas se cruzarem.
e se afastarem mais rápido ainda.
o tempo, é tempo, com tempo, tempo, tempo.
tem a cara de alguém.
o jeito dos mundos.
dos povos agente.
tempo, segundo, momento, movimento.
do tempo, para o tempo, ao tempo.
tempo, tempo, tempo, tempo...

sábado, 28 de junho de 2008

Escrito na Cama... 01:03 da Madrugada...

Eu sei o que devo fazer
Sei com quem devo estar
O que pensar
Como andar, aonde ir
A única coisa que ainda não aprendi:
A quem amar.
Derramo minhas horas de dedicação
Com pessoas erradas
E isso é ruim
Quem sabe quando meu amor se esgotar
Eu saiba esperar e saber ser amado
Sem tanta responsabilidade
Despudoradamente livre
Pronto para amores vãos
Saber ter paciência de aguardar
O que me está guardado
O mundo não é tão mau
Nós é quem o fazemos assim
Triste de mim
Que me perco em caminhos tortuosos
Dessa estrada que ao fim
Vai dar em nada
Passem bem vocês. Que amam
E são amados
Eu vou ficando por aqui
Tentando aprender
Querendo ser paciente
Escrevendo compulsivamente
Alimentando esperanças
Imaginando momentos
Relembrando situações
Vivendo no meu universo irreal
Fechado em mim mesmo
Longe do contato com o mundo
Paralelamente respirando.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Confusão

um frio me tomou a espinha
sentimento de perdição
as palavras me jorram
como água brota na fonte
e a noite segue silente
momentos breves
movimentos ligeiros
estagnações demoradas
o violão tange longe
cordas que se entrelaçam
notas que me chegam
coração que quer parar
breves pausas
a tristeza bateu
e não ficou, pena
pois a outro sentimento
deu lugar
e este é pior
afastamente, repentino
é melhor para não sofrer
ou quem sabe sofrer menos
quero parar, de pensar, de escrever
mas não consigo
tudo me sai pelos poros
olhos, narinas, boca e orelhas
quão ignóbil fui
e não via
como cego que não quer enxergar
a verdade sempre dói
mas é crua, nua, real
ilusórios mundos de nada valem
quando vem a realide pô-los abaixo
sentença de vida
o negrume da noite domina o mundo
ou apenas metade dele
perder o tino, o rumo, o caminho
se deparar em meio a uma estrada
sem saber para onde ir
sem saber de onde se veio, onde se está...

canções antigas

noite fria, eu sozinho, no escuro...
ouvi músicas antigas...
estilo dor-de-cotovelo...
dolores, vinícius, maysa...
as músicas que ouvia em tempos idos...
aqueles violinos tão lindos...
as incisivas palavras de amor...
frases de efeito...
construções que me destrói...
aquela estrada do sol...
que hoje não raia mais...
a noite me consome...
a frieza do vento norte...
me peguei chorando...
saudades do que já foi...
das pessoas que me passaram...
as músicas me fizeram voltar...
trouxeram-me de volta ao passado...
um passado nem tão remoto assim...
mas que traz saudades...
lembranças que chegam à mente...
embaralham sentimentos...
confudem a vista...
lágrimas que brotam de olhos vazios...
canções de amor...
meigas presenças que estavam aqui...
mãos que andavam pregadas em mim...
manhãs que não nascem...
noites infindas...
solitárias e frias...
apenas a companhia da velha vitrola...
ondes discos empoeirados giram...
vinhos que me esquentam o coração...
eu queria virar a página...
e não lembrar o que está atrás...
esquecer você, vocês, tudo e todos...
mas o futuro se constrói do que é presente...
e o presente nada mais é que o reflexo do que fomos e do que seremos...

se enganar?

adianta mentir?
fingir que não se quer?
querer escondido?
ter medo de se entregar?
se entregar e sofrer?
dizer que não, quando o corpo diz sim?
ocultar os sentimentos?
se fazer inerte?
não chegar, não ligar, não correr?
não adianta!

escola

queria ser leve como você,
saber por palavras frescas no papel,
ter essa poesia que lateja nas suas veias,
conseguir ter cadência com frases,
construir orações belas como tu fazes,
ser essa explosão de sentimentos bonitos,
não ter tanta mágoa, tristeza e solidão,
espero poder aprender, dia-a-dia contigo,
e um dia ser um pouco mais sereno,
mais alegre, colorido, ver a vida sem tanta pressa,
parar e ver o mundo girar,
sem tanta resposabilidade,aprender... tu me ensinas?

Devaneio Abstrato

Eu que nunca aqui estive.
Passo hoje perdido, encantado.
Leve e poeirento.
Os homes são maus.
Esta conclusão eu tirei ao longo da vida.
E nunca me assustei com isso.
Quis absorver tudo, não consegui.
O mundo é vasto, grande imensidão, que eu não abarquei.
Procurei a felicidade, em linhas, em linhos, em sedas, cetins.
Rasguei fios e fios de metros longos.
Perdi o sentido algumas vezes.
Recuperei-os mais adiante.
Mas a vida me empurrava, eu não parava.
Quem quiser que me acompanhe.
Em letras suspeitas, companhias suspeitas, em suspeito de algo.
Perturbadoramente, inconsciente, avassalador.
Eram assim, meus sentimentos.
Fui corrente, elo de corrente, quebra de amarras.
Algemas duríssimas, arcos abertos.
Absolutamente eu, dono de mim, sem mandar em mim.
Sem coordenar quase nada.
Exlcusivamente solitário. E rodeado de pessoas.
Cego, mudo e surdo em meio à multidão.
Ecos vazios de palmas.
Aplausos do escuro.
Estremecimento de cada sólida casa antiga.
Com telhados fortes.
Paredes grossas, tijolos firmes.
Mar, movimentos de maresia cansada.
Ressaca de vidas perdidas, achadas, vividas no mar.
Maravilha de paisagem, campos verdejantes.
Asbtratamente desenhados com linhas superficiais.
Quadrados, fechados, sem brechas.
Trópicos imaginários, linhas indivisíveis.
Naveguei em terra, andei no mar, corri no céu.
As estrelas passavam por mim, eu as cumprimentava.
Sei o nome de cada uma delas. Os astros eu reneguei.
O brilho lunar eu quis em mim.
O sol, não, não me atraía.
A vastidão solitária do céu é bela.
Pensei que veria o redondo mundo girar, ledo engano.
Nada estava em movimento.
Tudo estáticamente parado.
Só eu, que corria, voava, andava, navegava e não cansava.
Tive asas, pés, patas...
Couro, pele, penugem, escamas...
Fui azul, verde, amarelo, branco, preto, vermelho, roxo...
Criança, menino, homem, velho, padre, poeta, cantor, romancista, ator, eletricista, encanador, pintor, educador, desempenhei diversas funções no mundo.
Só não fui amor, nem amado.
Passei, não fiquei.
Nem pés, nem cabeça.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Poeira das Estrelas

Eu sei que um dia eu passarei.
E nada do que fiz e disse ficará.
Tudo se apagará.
O pó da estrada cobrirá.
Ninguém saberá quem fui.
Os que comigo viveram, também.
Não mais lembrarão de mim.
As minhas coisas serão perdidas.
Jogadas no mundo.
Os meus escritos deturpados.
Quando não queimados.
Não marcarei a vida de ninguém.
Mas isso não me choca.
Tampouco me desestimula.
Eu escrevo, se nada ficar.
Não me importo.
Eu, onde estiver saberei.
Que passei, vivi, amei,
Sofri, e marquei.
E quando de mim nada restar
Que os próximos tomem conta de tudo.
Pois eu já não estarei interessado.
O mundo estará à disposição de vós.
Eu serei apenas pó.
Poeira das estrelas.
Resto de algo que fui.
Fragmentos de uma vida.
Intensamente vivida.
Solilóquios com o papel e a pena.
Retratos do meu eu.
Expressão de minh’alma.
Nada mais.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Par de Olhos

Dois cristais brilhantes que me furam.
Teus olhos, teu olhar diferente.
Tua retina perfurante.
Não, não me olhes assim.
Teus olhos me dizem coisas.
Em línguas estrangeiras.
Que eu não consigo decifrar.
Olhar penetrante, me invade.
Me corta, me cruza, me desvela.
E eu fico perdido.
No brilho sem igual deles.
Que olhos de mar.
Que ressaca...
Maresia excitante.
Medo, pavor.
Teu par me consome.
Essas duas contas de vidro.
De cristal.
Sem par, azuis, verdes, castanhos.
Teus olhos musicais.
Me decifras com teu olhar.
Um calor me toma e eu gelo.
Paro, não consigo mais.
Teus olhos me arrebatam.
Me enlaçam e eu danço.
Com teu par.
Como teu par, contigo meu par.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Eu era feliz.

Corta o fio da vida.
Ao som de um piano velho.
Se esta, essa ou aquela rua fosse minha.
Melodias doces.
Quem me nina?
Sonhos coloridos.
Quem vem pra beira do mar?
O sol nasce sorrindo.
A lua descansa, enfadada da noite.
As estrelas repousam.
Brilham solitárias aos montes.
A bailarina vai parando...
Dê corda.
O lago dos cisnes é azul.
O cavalo branco de Napoleão que cor?
Elefante colorido.
Na beira tudo termina.
O mundo não é quadrado?
Onde Judas perdeu as botas?
O vento faz a curva no meu quintal.
Minha tia viu sovaco de cobra.
Laranja, lima, limão, pitanga, acerola.
Uva, maçã...
Pedrinhas, no degrau da porta de casa.
O universo gira em cima da minha cama.
Tenho medo do bicho-papão.
O anjo que mora no bosque caiu do céu?
O grão-de-areia ainda é solitário?
Uma cegonha passou na minha janela.
O pé-de-feijão do João foi plantado onde?
Quantos lobos maus existem?
Bolinhas, balinhas, bolhas de sabão.
Parque, grama, escorrego.
A vida corre, pula, salta.
E eu olho-a.
Tudo é tão inocente na criança.
Tudo é tão alegre, cheio de cor...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Hoje não sei mais nada...

Quero ordernar meus pensamentos, para escrevê-los...
Não consigo...
Uma enxurrada de sentimentos me toma.
Misto de alegria, tristeza, saudade, mágoa, desilusão...
Ah! Quem me dera eu soubesse ao menos quanto tempo resta.
Eu não sei mais nada.
Tenho vontade de te odiar e te amo.
Tenho desejo de te esquecer e estás mais viva em mim que antes.
Penso em desistir da vida e a vida insiste em me manter aqui.
Tive sonhos, não os realizei.
Pensei projetos não os concretizei.
Tive medo, sofri e chorei sozinho.
Nenhuma mão me amparou.
E eu sempre lá, à postos.
Pronto para auxiliar aos outros.
Quando caí, só o duro chão.
Tive amigos, vivi rodeado.
Mas o silêncio da multidão me era absurdo.
Naquela dissonante orquestra de vozes havia um silêncio.
Uma nota muda, uma pausa infinita.
Faltava tua voz.
Eu estava solitário mesmo na companhia de vários.
O vazio me tovama inteiro nas noites frias.
Nas quentes também.
E tu, zombavas de mim, longe, nos braços de outro, de outra, de ninguém...
Nada de que "quando os olhos não vêem o coração não sente"...
Eu sentia, eu sinto. Eu sofro.
Que culpa tenho se sou verdadeiro comigo mesmo.
Se não tento escamotear meus sentimentos.
Levanto-os como uma bandeira.
Estampo-os na minha roupa.
Trago-os debaixo do braço.
E por mais veracidade que eu empregasse tu não me acreditava.
Nunca mais falei, nunca mais te vi...
Não sei quem és agora.
Se a mesma, se diferente. Mais velha, mais nova?
Eu, mais velho, feliz não fui.
Espero, sinceramente, ao menos que tu tenhas sido muito feliz.
Nos muitos braços alheios onde te deitaste.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Esquecer-te

Eu queria me perder no mundo.
Abrir o oco que me ocupa.
Estar vagando no meio do nada.
Perder-me em devaneios, vãos.
Ilusoriamente amando.
Com mãos erradas.
Sentimentos bruscos.
Involuntários movimentos.
Escurecer todos os pontos luminosos.
E estar no breu.
Não sei sentir.
Olhar para mim mesmo esqueci.
Tomar meu passos como rumo.
Já não faço contas.
Perdi a noção dos dias, horas, minutos.
Segundos instantâneos que estou contigo.
Queria não ver-te mais.
Para não mais me sentir vazio à tua ausência.
Esquecer-me completamente de tua voz.
Tuas tão macias mãos.
Afagas-me e me corrói o peito.
O oco ressoa dentro de mim.
Completa-me, te imploro.
Não, não, não é possível.
Habitas tão longe, hoje.
Vejo-te repentinamente nas ruas.
E cego me ponho.
Quero-te longe, mais longe que o infinito.
Volta para teu ser.
Esquece, aliás, eu que te devo esquecer.
E silente deitar e adormecer.
Tranquila e serenamente.
Como os anjos.
Que vagueiam nos céus.
Perco-me nas recordações.
Que sei, um dia estarão apagadas.
Como as velhas fotografias estão se apagando.
Ficará só o branco.
O nada.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

procurar...

procurando um rumo...
um eixo norteador...
algo que me encaminhe...
que me ensine a acertar...
que talvez me caiba...
um ponteiro...
um pequeno ponto de luz...
ou talvez um farol...
um guia, um sentimento-mãe...
uma mão que me leve...
quero algo meu...
só pra mim...
e comigo sempre...
buscando uma resposta...
nem a pergunta eu sei...
busco algo orientador...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Falta

Não me morde mais,
Não arranha,
Beijos, carinhos, abraços...
Nada mais.
Não sinto mais um braço em volta.
Começo a sentir falta.
Como o mundo girava.
Eu não sentia.
Tudo ardia em paixão.
Toda a vida queimava.
E hoje só cinzas.
De lenhas que estalavam ontem.
Sentimentos que secaram.
Esvairam-se, evaporaram...
Nada ficou.
Tudo deposto como os velhos reis.
Tronos vazios.
Corações murchos.
Desatentos olhos que vagueiam no mundo.
Descruzamentos alheios.
Caminhos que nos distanciaram.
Lânguidos movimentos de retrocesso.
Nada voltará.
Novos amores.
Nenhum igual.
Talvez maiores, menores.
Igual, jamais...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Entrega.

A mim, me falta coragem.
E por isso ainda não findei com tudo.
Não por medo do que possa vir.
Os problemas estão em mim.
Para onde eu for os levarei?
Não sei o que há depois.
Talvez o escuro, o buraco.
O fim, o começo, o recomeço.
O início, uma passagem, o que quer seja.
Eu quero findar com isto.
Ter coragem.
Ter hombridade e sair de tudo.
Não me vejam como um covarde se um dia conseguir.
Eu digo a vós que não foi covardia.
Foi uma real desilusão.
Uma completa desistência depois de muita insistência.
Cansei.
Quero descansar, ou não, sair para o que vier.
Se algo vier.
Não quero saber mais nada.
Já não tenho vontade.
Não sonho, nem sei ver as cores fortes que gritam.
Os urros são surdos, mudos.
O mundo parou de girar.
E eu quero parar de caminhar.
Coragem! Coragem, avante!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Sonhos desfeitos...

Sonhar, como sonhou o pequenino graõ-de-areia...
Feliz, ele, que conseguiu conquistar sua amada estrela...
Eu sou tão ínfimo.
Tão ridiculamente infame.
Absurdamente pequeno.
Minhas ações são retrógradas.
Imbecis, canalhas.
Comigo mesmo, com meus princípios...
Que princípios?
Se nada fui, se pouco fiz, se ninguém quis...
Não adianta chorar desoladamente.
Apenas arcar com preço que custou tudo.
E somente isto.
Nada feito.
Tudo caído por terra.
Todos longe.
Só, solitariamente errante.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Saudade.

O frio me assombra.
Teus braços estão longe.
Não me aquecem mais.
Sei que voltas logo.
Mas, cada segundo é infinito.
E tu não estás aqui.
Quero-te sempre perto.
Coladinha a mim.
Tuas mãos nas minhas.
Teu coração compassado com o meu.
Respirações unidas.
Lábios entrelaçados.
Sentimentos comuns.
Tu e eu.
Nada mais importa.
O mundo pode parar.
O tempo correr transloucadamente.
E nada, absolutamente nada.
Nos afetará.
Só sei que te amo.
Se tu me amas?
Não saberei dizê-lo.
Mas o meu amor é grande.
Amo-te por nós dois.
E para mim basta.
Ficas junto a mim.
Sentindo-me como te sinto.
Silente.
E estarei feliz.
Volta ligeiro.
Teu corpo me faz falta.
A voz, o jeito, os olhos acesos.
Tua vida é minha vida.
Nossos pés trilhando o caminho futuro.
Vem, eu te espero.
Anciosamente.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Agradecimento

Eu só te agradeço por uma coisa.
Por me fazer sofrer.
Não, não, não te assustes.
É verdade.
Pois assim posso escrever.
O sofrimento exponho-o nas palavras.
E assim crio meus textos.
Obrigado, por me fazer sofrer!
E que continues me magoando.
Me ferindo, me expelindo de tua vida.
E eu conseguirei erguer minhas obras.
Em cima de minha dor.
Do sofrimento por ti.
Continuas sendo minha inspiração.
Muito melhor agora, na dor.
Quando consigo enfim verbalizar tudo.
Não são versos melosos de amor.
Abomino tudo que seja de amor.
Só a dor, é que constrói grandes obras.
Angústia e Sofrimento.
Obrigado, por ontem, hoje e sempre me fazer chorar.

Saída de Cena

Tantas palavras ditas.
Sentimentos passados.
E nenhuma palavra que eu queria ouvir.
Apenas coisas jogadas ao léu.
E eu sozinho.
Eu que tanto amei.
Busquei incessantemente.
Trilhei caminhos complicados.
E atravessei mundos.
Disse tantas vez que amava.
E nenhuma foi falsa.
Sempre verdadeiros amores.
Muitos, eu sei, mas leais.
Jamais falei levianamente.
Eu amava sim.
Houve tantos desencontros.
Encontro nenhum.
Como iguais que se repelem.
Todos passaram à margem de mim.
E eu fiquei só.
Ninguém me tocou na alma.
Era muito difícil? Eu era complexo?
Eu que nunca quis ser esfinge...
Decifra-me ou te devoro...
Eu estive sempre à mostra.
Abertamente amante.
Não, talvez, justamente, por isso.
Pos ser totalmente desvendado.
Entregue aos turbilhões do amor.
Findou-se meu carnaval.
Cerram-se as cortinas.
Saio de cena, depois de cumprir meu papel.
De simples coadjuvante nas protagonizações alheias.
Sem meu par romântico.
Apenas o palhaço, dos palcos, das telas...
Pequenas participações nas vidas dos outros.
Sobem o créditos.
Meu nome lá não figura.
Sou micro.
E...
The End.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pra quê?

De que vale a vida?
Pra que viver?
Tão triste.
Sozinho no mundo.
Sentir solidão.
Não ter amor.
Chorar copiosamente.
Entregar-se ao destino.
Quando este não ajuda.
Só empurrões.
Eu não quero mais!
Estar no mundo frio.
Gélido.
Quando nada vale a pena.
Niguém que amei está vivo.
Nem mesmo nas lembranças.
Tudo tão igual.
Tudo tão parado, morto.
De que valeu tudo que vivi?
De tanto amar.
Pouco ficou.
Quase nada do que fui.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Melancolia...

Que me toma o peito.
Não me deixa amadurecer.
Apenas chorar.
Que me invade a alma.
Quando penso em ser outro.
Que me corrói a vida.
Dissonantes andamentos.
Lentos passos que trôpegos andam.
Violões que choram.
Como eu, ontem, hoje e sempre.
Se à frente obstáculos se interpõem,
o que fazer se não os venço?
Parar, desistir de caminhar.
Olhar atrás.
E ver que nada valeu.
Que nada ficou.
Que me toma de arroubo uma tristeza.
Que me consola, saber o fim próximo.
Toma-me eternamente nos teus braços.
Doce e dolente melancolia.
Uma dama de lilás.
Saudade tão profunda.
Quase toda minha.
Nunca tive nada.
Nenhuma coisa, pessoa, que pudesse chamar de minha.
Apenas eu.
Nada meu.
Só eu.
Só.
E sorrisos que disperdicei no caminhos.
Olhos que não cruzaram com outros.
Sentimentos que se perderam à esmo.
Amores vãos.
Ilusões várias.
A felicade andou à margem na minha vida.
Não a vi, nem a menor réstia dela.
Sua cara não conheci.
Tudo era lilás.
A dama.
As damas.
O tabuleiro, as peças que se moviam.
Tons escuros, claros...
Nada ficou.
Só o lilás.
A saudade.
Todos os suspiros de alegria duraram míseros instantes.
Eram ofegantes e rápidos.
Como respiração de quem morre.
E tudo morreu.
Tudo secou, murchou.
Tudo cerrou.
Findou.
O que virá além.
Só o tempo dirá.
E não sei se verei.
Se esperarei pacientemente...

domingo, 13 de abril de 2008

Misto.

Eu desamprendi a sorrir.
Não sei mais chorar.
Já não quero estar aqui.
Penso em sair deste lugar.
Alcançar outros hemisférios.
Partir para outros caminhos.
Tu sonrisa és muy bella.
Yo me recuerdo de ello.
Quiero sentirte otra vez.
Y talvez amarte más un poco.
Hoy estás lejos de mi.
Cerca, solo la desilusión.
Pero yo pienso en vivir amandote.
E sei que não devo.
Que tu tens outro amado.
Não pensaria duas vezes.
Faria tudo como antes.
Só pensaria em ti.
Minha vida inteira revista.
Como uma película que se assiste.
Podendo estar estar nas minhas mãos.
A decisão do final feliz.
Mas vida é diferente.
Nada pertence à nós.
Tudo depende tão somente dos outros.
E estes nunca agem como queremos.
Perdi o sono, as esperanças
Lágrimas secaram.
Apenas o que ficou foi a saudade.
Do que fomos, do que vivemos.
Tú y yo.
Nosostros tán felizes.
Poco importán los que dicem cosas tolas.
Somos, éramos felizes juntos.
Hoje já não há nós.
E sim tu, sozinha com teu novo amor.
Eu com minha solidão.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Minhas Meninas

Minhas meninas.
Meus amores.
Tão diferentes.
Unidas pelas igualdades.
Minhas meninas.
Meus sabores.
Alegrias radiantes.
Raivas passageiras.
Paixões incontroláveis.
Quero-as junto.
Debaixo de minhas mãos.
Acariciando-as.
Minhas meninas.
Minhas filhas.
Mães, amigas.
Minhas meninas crescidas.
Soltas no mundo.

Meu Sentir Não Sentindo

Quando vão descerrar as cortinas?
Os panos que fecham a minha visão.
A escuridão que não me deixa enxergar,
Quando vão acender as luzes?
Eu quero ser claro.
Ser objetivo.
Trilhar meu caminho sem tropeços.
Não ter que ouvir repetidas vezes as mesmas coisas.
Independente dos perdões alheios.
Livre.
Amado, amante...
E não consigo.
Tenho vergonha.
De buscar sempre o que não alcançarei.
O que jamais terei.
A reciprocidade para meu imenso amor.
A velha via de mão única.
Mendigando nas estradas pedaços de alguém.
E recebendo pena.
Não, eu não quero só isso.
Eu quero mais.
Eu quero amor, eu quero mel.
A melancolia me corrói a alma.
Eu choro, sem lágrimas.
Dilacero meus sentimentos.
Só a tristeza permanece intacta.
Os olhares me recriminam.
E eu vou me fechando.
Como ostra...
E minha pérola interior vai se apagando.
Perdendo seu brilho.
Sizudo, sério, sem leveza.
Apenas fechado, pesado, triste e solitário.
E as cortinas permanecem fechadas.
As luzes apagadas.
E tudo me sufoca.
Minhas mãos não coordenam movimentos.
Andam à esmo.
Soltas de mim.
Minha cabeça pára de pensar.
O corpo de sentir.
Frio.
E é só isso.
Até hoje.
E para sempre.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

sexta-feira, às 8:35

ontem eu fui dormir sem vontade de acordar.
hoje eu acordei sem vontade de nada fazer.
o dia vai ser longo.
só por que eu quero que passe rápido.
nada sai como a gente espera.
e isso não é nada bom.
lembre-se sempre que cada ação
merece uma reação.
e que esta reação não depende de você.
e sim, de uma outra pessoa.
porém, quase nunca essa pessoa reage como se espera.
o que fazer?
esperar, ter calma, paciência.
ah... mais aí não serei eu.
eu já sei como resolver...

domingo, 30 de março de 2008

Novo Dia

Hoje eu não quero escrever.
Não sinto absolutamente nada.
Já não sofro mais.
Sorrio.
Os dias demoram.
E eu não reclamo.
Apenas aguardo.
Resignadamente.
A sucessão de horas.
O sol está raiando.
Olho pela janela.
Vejo uma grande revoada.
As aves gorjeiam lindamente.
E a brisa da manhã é macia.
Eu continuo olhando.
Sem vontade de escrever.
Tudo é tão lindo.
E eu ali, parado.
Diante de todo um sistema.
Que continua inerentemente à minha vontade.
Eu senti que não controlo nada.
Absolutamente nada.
Nem um dos músculos do meu corpo.
Meus sentidos estão livres.
Como as aves que vi pela janela.
E eu aqui.
Ainda sem vontade de grafar palavras soltas.
Eu quero deixar as páginas do passado escondidas.
As páginas de amargura que se rasguem.
Eu sou agora um outro ser. Vivente.
E quero, agora sim, escrever.
Mas, desta vez palavras vivas.
Pulsantes, leves...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Pequena Perfeição

Por quê tão linda assim?
Como se pode ser tão bela?
Tão completamente ascendente?
Assim, tão simples e complexo.
Tua beleza é algo diferente.
Bela como a Lua.
Tão embebida de amor.
Mais linda ainda.
Tão forte, assim geniosa.
E arrebatadora.
Dominadora de corações.
Pequena forma de perfeição.
E se sabe bonita, linda.
Faz uso disso.
Finge não gostar.
Mas o sabe.
Tão perfeita que é.
Traços harmônicos.
Tão singela. Diferente da altivez de tua beleza.
Sorriso irradiante.
Eu sei que parei no tempo.
Parei na tua beleza.
Fiquei te observando, admirando.
Ontem, hoje e sempre.
Eu te amo.
Eu amo tua beleza, tua voz, teus pés, tuas mãos.
Teus grandes olhos que me petrificam.
Ao simples olhar teu.
Eu tremo, congelo.
Nunca te consegui dizer tudo que sentia.
Eu tinha medo.
Tu eras muito grande, tão grandiosa, que eu temia.
Eu tive muito medo de seres tão bonita.
Eu quis dizer-te tanta coisa.
Mas foi impossível.
Como se está em frente à um Deus.
Eu temi, te respeitei.
Sonhei com beijos teus.
Com tuas mãos me acariciando.
E acordava no meio da noite, sozinho.
Mas nada me fez te esquecer.
Teus olhos, tuas mãos.
Tua tão infinita beleza.
Seguiste teu caminho.
E eu fiquei, mirando de longe.
Esperando a cada momento em que passarias por mim.
Sem mais me reconhecer.
E eu te via cada vez mais perfeita.
Te amando em silêncio até o meu fim.
Eu te amo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Arrependimento.

Perdoem-me.
Eu nunca soube o que fazia.
E por isso hoje peço perdão.
Esqueçam minhas palavras.
Apaguem minhas erradas ações.
Perdoem-me.
Eu pensava saber agir.
Jamais aprendi.
Quis ser certo, errei sempre.
Agi para mim, contra mim.
Pensando fazer o bem.
Aos que machuquei.
Perdoem-me.
Peço honestamente.
Tive tempo de fazê-lo antes.
Mas no fim é que se pesa tudo.
É que nos arrependemos das coisas.
E sofremos no leito final.
Assim, sinto meu fim.
Tão próximo como minha sombra.
Que acompanhou vida inteira.
Guiou meus passos.
Esteve sempre colada à mim.
Perdoem-me.
Erros, muitos, cometi, arrependo-me.
Muitos erros perdooei.
E por isso sei que alguns me perdoarão.
Outros nem se lembrarão de mim.
Apenas do mal que lhes fiz.
Das coisas ruins que lhes disse.
Perdão.
Errei, se voltar errarei novamente.
Talvez até nos mesmos erros cairei.
Perdoem-me.
Eu só quis viver, ser como era.
Sentir meus amores, minhas agonias.
Minhas próprias dores sozinho.
Sem ajuda de ninguém.
Apenas somando minhas angústias no peito.
Sofrendo comigo mesmo.
Sem perturbar os outros.
Que sorriam sempre.
E eu não sabia nem chorar.
Externamente.
Minhas lágrimas corriam por dentro de mim.
Num ciclo interno, parte de mim.
Sempre em mim, dentro.
Perdoem-me.
Eu só fui.
Quero partir agora sem amarras.
Sem coisas que me arrastem pro fundo.
Pro escuro das almas amarguradas.
Liberar minha alma do corpo.
E seguir o rumo.
Já que tudo aqui é passageiro.
É efêmero.
Quero a eternidade.
Não, não me tomem como religioso.
Não faço apologias às religiões.
Apenas acredito que existimos numa matéria.
Que fica, o etéreo continua.
Não sei onde, nem como, nem por quê.
Apenas quero ir perdoado.
Perdoem-me.

Algo Aberto

Eu queria não estar no mundo.
Tão abertamente como estou.
Senti outro dia o cheiro de mato.
Que só a recordação traz.
E fiquei a pensar.
Quanto tempo me distancia,
Daquele tempo antigo.
Hoje estou só, sem você.
E só teu cheiro recordo.
Tua imagem se desfez.
Teus cabelos tão silenciosos.
Como se mortos estivessem.
E tu que me aquecias como ninguém.
Nossas mãos que se enredavam.
Minha boca que buscava a tua.
Tua, minha, nossa sensação.
Momentos tão íntimos.
Que eu fiz muitos saberem.
E me arrependo.
Queria me resguardar mais.
Minha natureza é muito desvelada.
E eu sofro. Tento mudar.
Algum dia, quem sabe, eu consiga.
Fazer-me diferente, naturalmente diferente.

sábado, 1 de março de 2008

Caligrafia da Vida

Hoje perdi meu tempo.
Parei para reler nossa história.
Nossas vidas quando juntas.
Quando eu dizia que te amavas.
Ou quando tu me dizias.
As vezes ainda nem falávamos.
Tão somente agíamos.
E isso bastava.
Quando nossos verdes eram claros.
E não amarelos desbotados.
Os nossos corpos vigorosos.
E não simples vestígios do que fomos.
Era tudo tão intenso, tão vívido.
E hoje só recuerdos.
Cosas que no tienen valor.
Tinha vontade de ser de novo.
La vuelta.
Tudo outra vez.
Muito mais intenso.
Arrebatadoramente vivido.
Ah, só pensamentos.
Escritos mal traçados.
Garranchos esquecidos no fundo das gavetas.
Lágrimas por uma vida passada.
Momentos distantes.
Felizes. Ou nem tão felizes.
Mas importantes.
Para a escrita da minha, das nossas vidas.
O que somos hoje devemos ao que fomos.
A tudo que vivemos. Juntos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Piruetando

Eu tenho uma espécie de defeito.
Um só não, tenho vários.
Pois, em querendo ser amado.
Me atiro desperadamente ao amor.
E quase sempre, ou sempre caio.
A rede a qual me atiro não me suporta.
É fraca.
O chão me segura.
E machuco-me.
E dói.
Mas eu não aprendo, não apreendo.
Cada dia mais me jogo desregradamente.
Sem medo, sem sentir antes as dores.
Piruetas escandalosas nos meus saltos.
Sempre as faço para aumentar a queda.
Ou talvez na esperança de uma rede nova.
Um novo amor, desta vez correspondido.
Reciprocidade essa que não me chegou.
Meu circo ainda está triste.
Sigo todas as noites dando saltos quase mortais.
E nenhum aplauso ao fim do espetáculo.
Apenas o eco dos meus giros no ar.
Silêncio no vazio que sou.
Espero um dia que meu espetáculo acabe diferente.
Numa enorme salva de palmas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ingratidão.

Que bom uma mão que te ampara.
Um braço que te acolhe.
Dedos que te acariciam.
Mas, ao menor movimento de outro.
Tu esqueces todo conforto.
E te mandas ao amor para sofrer.
Cair, mais um vez, se doer.
Ser maltratada.
Talvez, um dia, quando voltares.
Esta mão te possa mais ajudar.
Ocupada com outro salvamento.
E tu te verás sozinha.
Sem quem te ajude.
Não desdenhe de quem te quer.
De quem sonhou em ter-te.
Alguém que por ti sente carinho.
Não sejas ingrata.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Cosmopolita Futuro

Ladrilhos riscados.
Azulejos sujos.
Torrente vermelha.
Cilindro brilhante.
De cacos de vidro.
Figuras enigmáticas.
Formações supra-naturais.
Absurdamente coloridas.
Aboio eletrônico.
De chamar rês robótica.
Agudo som provocado.
Astronômico movimento.
Translação humana.
Rotação rochosa.
Bailado africano.
Rio mexicano.
Caudalosos caminhos.
Cursos albinos.
Trôpegos pés alienígenas.
Luzes febris resplandecem.
Catastrófica canção.
Notas desentoadas.
Tambores cibernéticos.
Trilhos aéreos.
Casas indestrutivéis.
Pequenos fragmentos lunares.
Estrelas cadentes acesas.
Pós-modernos ventos.
Ares futurísticos.
Grades semi-cerradas.
Brechas visionárias do futuro.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Contrariador

Eu que não tenho amarras.
Vivo na contramão.
Atravesso as vidas.
Atropelo os homens.
Vivo numa transversal do tempo.
Num contratempo.
Um buraco no que há.
Eu sou contrário a tudo.
Contrario a vida.
Desobedeço à gravidade.
Passeio no tempo, no ontem,
No amanhã e no sempre.
Sou diferente de todos.
Sou à margem do mundo.
Quebro tudo que está posto.
Não leio regras, não absorvo ordens.
Quero o descampado, o liberto.
O alforriado.
Asas que me levem longe.
Partir sem medo, sem mirar.
Não assentar meu pés nos chãos.
Sempre diverso e múltiplo.
Corrente e desesperador.
Negando tudo que afirmam.
Perturbando às ordens.
Pulando, driblando as vozes.
Sorrindo ao esgar dos choros.
Na via errada, batendo de frente.
Sendo quem sou.
O que sou.
Como sou.
E pra que sou.
Eu.